500 mil ingleses dependem da caridade para comer. “Os cortes
nas redes de segurança social foram longe demais, levando à destituição, pobreza e fome em grande escala”, diz Oxfam
nas redes de segurança social foram longe demais, levando à destituição, pobreza e fome em grande escala”, diz Oxfam
Sob os cortes nos direitos e programas sociais desencadeados pelo governo Cameron, mais de meio milhão de ingleses dependem da caridade – os “food Banks” (bancos de alimentos) - para escapar da fome, registrou a BBC, citando denúncia das organizações religiosas Oxfam e Church Action on Poverty (Ação da Igreja sobre a Pobreza). O número de usuários praticamente dobrou em relação ao ano anterior.
“A chocante realidade é que centenas de milhares de pessoas no Reino Unido estão se voltando para a ajuda alimentar”, afirmou Mark Goldring, executivo-chefe da Oxfam. “Os cortes nas redes de segurança social foram longe demais, levando à destituição, pobreza e fome em grande escala. É inaceitável que isto esteja ocorrendo na sétima nação mais rica do planeta”.
BANCO DE ALIMENTOS
Os bancos de alimentos são centros de distribuição de mantimentos coletados pela caridade, com a ajuda de voluntários, havendo, ainda, sopões. O relatório das duas organizações, também apoiado pelo Trussel Trust, o maior provedor no país aos bancos de alimentos, responsabilizou pela crescente pressão sobre os bancos de alimentos as profundas mudanças no sistema de benefícios, bem como o desemprego, crescente subemprego, baixos salários e preços em alta de alimentos e combustível.
O relatório pediu ao parlamento que faça um inquérito para discutir a “fome oculta” no país. A escalada na demanda por comida tem levado muitos bancos de alimentos à beira da exaustão. No banco de alimentos de Durham, segundo sua administradora, Naomi Stevens, “nós estamos conseguindo quatro toneladas de comida por mês e distribuindo quase seis. Nesse descompasso, temos de entrar nas nossas reservas”.
Segundo o “Guardian”, “a espetacular expansão dos bancos de alimentos através do Reino Unido nos últimos dois anos é um poderoso indicador da crescente pobreza” e da dedicação dos voluntários. Em South Yorkshire, a entidade Food Aware abriu cinco bancos de alimentos e dirige outros projetos, alimentando cerca de 1.500 pessoas por semana em Doncaster, Rotherham e Sheffield. Esses bancos de alimentos abrem por um período de duas horas, mas frequentemente em uma hora os suprimentos acabam. Em março, recebeu pedidos para abrir 12 novos bancos de alimentos.
“EROSÃO”
Para Niall Cooper, o executivo-chefe da Church Action on Poverty, “a rede de seguridade que havia para proteger o povo está sendo erodida em tal extensão que estamos vendo um aumento na fome. Bancos de alimentos não estão projetados, nem deveriam, para substituir a rede normal de seguridade provida pelo estado na forma de suporte de bem estar”. Os bancos de alimentos estão planejados como um mecanismo de emergência, e não como uma solução de longo prazo. A maioria deles funciona com a distribuição de vales, em que o solicitante tem direito a retirar alimentos nas próximas três semanas. Imran Hussain, de outra entidade, a Child Poverty Action Group, considerou a situação “um escândalo nacional”.
Para o “Guardian”, “filas, racionamento e apelos desesperados por doações de comida conforme a demanda supera o fornecimento são uma questão para vários bancos de alimentos, e voluntários estão começando a se perguntar se é certo – ou se eles têm a capacidade – para assumir um fardo crescente que até recentemente era considerado um dever do estado”. Em abril, depois que doações de alimentos colapsaram, o banco de alimentos de Stoke-on-Trent começou a mandar gente de volta. Conforme os estoques se esvaziaram, famílias com crianças e aqueles com mais de 65 anos receberam prioridade, enquanto adultos jovens eram redirecionados para sopões.
A situação é tal que uma entidade de caridade, a “Real Aid”, que havia sido criada para ajudar os pobres na África, redirecionou seus esforços para dentro da própria Inglaterra, como revelou programa da BBC que foi ao ar no dia 22.
ANTONIO PIMENTA
Nenhum comentário:
Postar um comentário