“Todos os seres são iguais, pela sua origem, seus direitos naturais e
divinos e seu objetivo final.”
Dia 25 de dezembro no
mundo cristão comemora-se o Natal, o nascimento de Jesus Cristo. Jesus nasceu
em um estabulo e colocado em uma manjedoura. Um
estábulo é onde se guardam os animais. Maria está deitando Jesus na manjedoura,
que é onde se põe a comida para os jumentos e outros animais. (Lucas 2:1-20.)
Durante sua existência entre
nós viveu de forma humilde, com os humildes, os pobres, oprimidos, por um
sistema cruel como era o império romano.
Não nasceu em um “berço
de ouro”, entre os ricos e poderosos.
Seu pai José, foi
obrigado a ir para Belém, porque o imperador Cesar Augusto havia decretado que
todos tinham de voltar à cidade natal para registrar seu nome num livro,
na sua cidade de nascimento.
Milhões de crianças nascem em “estábulos”, e
vivem em “estábulos”, sem a mínima assistência de saúde.
Essa situação nos faz
refletir o quanto hoje é escondido este fato ocorrido há mais de dois mil anos na
humanidade, nos Shoppings não há presépios, imagens cristã.
O consumismo é
incentivado diariamente, “Papai Noel” da Coca-Cola é nos mostrado como grande símbolo
do Natal.
O Natal de Cristo Jesus
é a negação do que hoje simboliza para a sociedade capitalista o Natal.
Também Jesus jamais nos
disse que deveríamos se submeter a opressão, conformar-se com a vida de pobreza,
de miséria. Exemplificou com a vida que teve, de enfrentar os poderosos, os
ricos, questionou a falsa fé, dos que até hoje utilizam o nome de Deus para
enriquecer. Nasceu em um estábulo, logo foi perseguido pelos poderosos que
assassinaram centenas de crianças a sua procura, seu pai e mãe tiveram que
emigrar para o Egito.
Hoje milhões de crianças
emigram com seus pais que fogem da miséria, da guerra, muitas estão presas,
como nos EUA cerca de mais de cem mil crianças estão enjauladas, filhas de
emigrantes.
Deus fez a Terra para
que todos os seres humanos possam usufruir as riquezas de nosso planeta e tudo
que o homem transforma possam todos também usufruir, seja material, como do conhecimento.
O ladrão são os poderosos, roubam, matam e destroem vidas, vejam os hospitais públicos,
a milhares de pessoas que moram em favelas em condições terrivelmente precárias,
recebem miseráveis salários, quando conseguem estudar, em escolas e ensino
precários, são humanos que nós. (João 10.10, Jesus diz: “O ladrão vem somente para
roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em
abundância”.)
Neste Natal não sejamos
Coca-Cola, sejamos cristãos, e ser cristão todos os dias, amor ao próximo, amor
a Deus, vigiai e orai (Mateus 26,41- Vigiai
e orai, para não cairdes em tentação.)
diante do individualismo, da inveja, da ganância,
do ódio. Lutar contra as injustiças, um cristão luta pela liberdade, pela vida.
Um cristão não diz “bandido bom é bandido morto”, um cristão não apenas crê,
mas pratica o evangelho com a fé.
Ir aos templos, as
igrejas, pensando apenas em si, na sua salvação é egoísmo, enquanto milhares
estão a passar fome material e espiritual é muita soberba em pensar que o mundo
não presta e só você é o melhor, que o céu será só seu.
Muitos seres humanos
precisam da nossa ajuda e também precisamos da ajuda deles. Precisamos
compartilhar a fé, construir juntos um mundo solidário, com amor. Certamente que
seremos perseguidos, condenados, odiados, caluniados por aqueles que querem
manter a mentira, a miséria, a ignorância de muitos, para melhor dominar e
manter seus grandes privilégios.
Tentarão nos subornar
seja materialmente como intelectualmente, dizendo que o mundo sempre foi assim,
nada irá mudar, para nos desanimar. Temos que pensar assim: “Não nos deixei
cair em tentação, livrai-nos de todo o mal”.
Palavras do papa Francisco
nos faz refletir:
«O Espírito Santo convida-nos a descer ao meio do povo para ouvir
o clamor, envia-nos para abrir possibilidades a caminhos de liberdade que levam
a terras prometidas por Deus».
“Reconhecemos
nós que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra,
tantas famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas
feridas na sua dignidade?”
“Reconhecemos
nós que as coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a
violência fratricida se apodera até dos nossos bairros? Reconhecemos nós que as
coisas não andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação
estão sob ameaça constante?”
“Então dígamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança.”
“a globalização da esperança, que nasce dos
povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e
da indiferença.”
Afirmando que os
mais humildes e explorados podem fazer muito pelos grandes processos de mudança
nacionais, regionais e mundiais, o Santo Padre, declarou-os como protagonistas
e semeadores de mudança:
“Vós sois
semeadores de mudança. Aqui, na Bolívia, ouvi uma frase de que gosto muito:
«processo de mudança». A mudança concebida, não como algo que um dia chegará
porque se impôs esta ou aquela opção política ou porque se estabeleceu esta ou
aquela estrutura social. Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas,
que não seja acompanhada por uma conversão sincera das atitudes e do coração,
acaba a longo ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir. Por
isso gosto tanto da imagem do processo, onde a paixão por semear, por regar
serenamente o que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos
os espaços de poder disponíveis e de ver resultados imediatos. Cada um de nós é
apenas uma parte de um todo complexo e diversificado interagindo no tempo:
povos que lutam por uma afirmação, por um destino, por viver com dignidade, por
«viver bem». “
Economia ao serviço dos povos
O Papa Francisco
apontou algumas tarefas para a mudança: a primeira é pôr a economia ao serviço
dos povos. “A economia não deveria ser um mecanismo de acumulação, mas a
condigna administração da casa comum” – evidenciou o Santo Padre que lembrou as
necessidades de educação, de saúde, de cultura, de desporto e recreação.
Afirmou mesmo que esta economia ao serviço dos povos não é uma utopia ou uma
fantasia, mas é desejável e necessária. “Conheci de perto várias experiências,
onde os trabalhadores, unidos em cooperativas e outras formas de organização
comunitária, conseguiram criar trabalho onde só havia sobras da economia
idólatra. As empresas recuperadas, as feiras francas e as cooperativas de
catadores de papelão são exemplos desta economia popular” – afirmou o Papa.
Unir os povos no
caminho da paz e da justiça
O Papa destacou que
os povos do mundo querem ser artífices de seu próprio destino e nenhum poder
constituído tem o direito de privar os países pobres do pleno exercício da sua
soberania e quando o fazem, "vemos novas formas de colonialismo" que
afetam as possibilidades de paz e de justiça. Em particular, o Papa referiu-se
ao colonialismo ideológico.
“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de
repente você estará fazendo o impossível.”
“Ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro
e, ninguém é totalmente estruído de valores que não possa ensinar algo ao seu
irmão.”
"Onde há amor e sabedoria, não tem
temor e nem ignorância."
Neste NATAL reflitamos e lutemos para mudar nós e o mundo.
Se não lutarmos
para mudarmos o mundo, nossa pátria, nossas mudanças pessoais serão
insuficientes, para a nossa própria transformação. Não haverá paz interior,
felicidade enquanto houver uma criança, um idoso, uma família passando fome.
Neste NATAL possamos
refletir como cristãos, e cultivar em nossas vidas o amor, a solidariedade, a
justiça.
Aylton Mattos